segunda-feira, 12 de abril de 2010

Vidas cruzadas.

Eram 7 horas da manha, o meu despertador tocou como era costume e como á coisas que nunca mudam voou contra a parede, “quanto idiota podia ser!”
O quarto cheirava a coco pois era uma fragrância exótica que eu adorava, mas para mim tudo estava diferente, já tinha vontade de comer, acabara se aquele pequeno-almoço mesmo pequeno recheado de fragrância a chocolate, apanhei o autocarro e assim que ele parou na minha saída sai a correr para as aulas apenas para ver a tua cara, lembro me que o teu corpo tinha um aroma a rosas acabadas de colher, tão bom…Sentia me tão bem ao pé de ti, tinhas uns longos cabelos loiros como se fosse ouro, uns grandes olhos verdes, algo pontiagudos, mas eras tudo aquilo com que algum dia sonhara, entrei na sala de aula na esperança de esbater com os olhos em ti mas…Neste dia não estavas lá, passei o dia a imaginar a tua cara no escuro que era aquela sala sem ti. No final do dia alguém me deu a pior noticia que me podiam dar tinhas mudado de escola, e nem sequer me tinhas avisado. O meu coração bateu como nunca antes e depois abrandou tanto que pensei que fosse parar ocorreram me mil coisas mas a primeira foi pensar o que ia fazer sem ti. Não tinha o teu número, morada ou alguma coisa pela qual te pudesse voltar a ver, onde iríamos ficar nós? Numa gaveta guardados com um amor que iria morrer apenas entre nós os dois? Que seria eu sem ti?
A partir dai nunca mais te vi, mas prometi que iria voltar a ver te, sentir o teu aroma, a tua pele de cetim, iríamos viver o que nos foi impedido custasse o que tivesse de ser eu iria conseguir encontrar te afinal Portugal só tem 151 cidades e eu estava disposto a corre-las todas
28 anos mais tarde encontrai te, vivias em Lisboa mesmo perto de mim e eu nunca te tinha visto até aquele momento não tinha havido um único minuto da minha vida em que não tinha pensado em ti, mas agora não podia deixar fugir esta oportunidade e corri atrás de ti agarrei-te por um braço tal era a minha felicidade e… O teu cheiro era o mesmo lembrava me dele como no primeiro dia. Tu ao olhar para mim primeiro gritas te um grande “socorro” e depois o teu tinha 42 anos, os cabelos loiros agora eram grisalhos mas compridos na mesma , os grandes olhos pontiagudos e verdes agora apenas tinham o peso da idade e do trabalho em cima mas mesmo assim eras linda. Pegai te na mão para te levar a beber café comigo sem emitir uma única palavra e logo vi tinhas uma grande aliança na mão ficai como que morto ali, pelo menos o meu coração morreu ali pois tinha gasto uma vida a tua procura e tu tinhas andado para a frente com a tua vida. Fugi a correr e tu corres te atrás de mim até que eu parei e explicaste me que aquela era a aliança da tua mãe que tinha morrido e ao andares com ela era como se andasses sempre com a tua mãe pela qual tinhas uma amizade inimaginável, e pela primeira vez eu soltei uma palavra que foi “amo-te” e tu respondes te que nunca me tinhas esquecido e abraçamo-nos a chorar era aquilo que eu tinha passado um vida a espera, combinamos ir jantar pois ias trabalhar, eu mais uma vez abracei te e despedi me. Quando te estavas a aproximar da passadeira vem um carro sem controlo que galgou o passeio e te apanhou, eu corri a pensar que a nossa historia não podia acabar assim agarrei te, estavas toda cheia de sangue e disse te: “-Não me deixes por favor”- ao que tu respondes te: “amo-te como no primeiro dia”.
Assim fechas te os olhos e deixas te a cabeça cair, senti um aperto tão grande, fui para casa e quando cheguei sentei me no sofá a olhar a tua fotografia. Primeiro pensei “o tempo cura tudo”, mas não curou. Na minha vida nada era vulgar, passei 28 anos á procura de ti, da mulher da minha vida, e agora que a reencontrara ela tinha morrido ali nos meus braços, a dor era infindável, não a conseguia suportar, a tua cara estava em todo o lado, eu estava mesmo a ficar paranóico. Ate que fui a varanda, olhei para baixo, era muito alto. Vi um rapaz a namorar com uma rapariga, essa rapariga pela barriga estava grávida, o sonho que eu tinha para nos mas tu estavas morta, fazia hoje exactamente 1 ano da tua morte por isso decidi juntar me a ti, peguei numa corda do meu estendal, amarrei-a ao corrimão da varanda metia no pescoço e quando estava prestes a saltar ouvi um grito vindo da estrada que dizia: “ Não faças isso!”.
Olhei para baixo e tu estavas lá, primeiro pensei que fosse uma alucinação, depois julguei que tivesse sido impressão minha ate que me entraste pela porta a correr e a chorar.
Eu olhei te, pois estava perplexo, e tu beijas te me, fiquei sem reacção e sem palavras, como poderias estar tu ali? Tu tinhas morrido nos meus braços á exactamente 1 ano! Será que eu já estava morto mesmo antes de saltar? Não estava bem vivo e tu também explicas te me que realmente estiveste em paragem cardíaca mas a caminho do hospital fizeram te reanimação, então finalmente sorri, mas sem antes te ter perguntado onde andas te durante este ano, e ai tu explicas te me que estiveste em tratamentos. Depois disto começamos a falar, a matar as saudades um do outro, descobri que eras medica e eu um simples advogado.
Depois deste reencontro voltei a ter força para viver, percebi que a vida tem altos e baixos mas se a pessoa certa estiver ao nosso lado é suficiente para nunca nos irmos a baixo, pois um ano depois tivemos uma filha a qual demos o nome de helena, que significa em grego raio de sol, pois ela era o fruto de uma paixão de uma vida. A agora estamos juntos á 50 anos, temos 92 anos, e a vida ensinou nos que vale sempre a pena viver pois a sempre surpresas que nos trazem o amor.

Todos os direitos de autor reservados a: Nuno Rebelo
Tenho medo de estar a gelar,
sem triste ficar,
da poesia me despeço,
com um triste verso,
sem conseguir fugir,
desta melancolia.

Que me devora a alma.
Que me queima a mente.
Que me deixa frágil.
Mesmo sendo inocente.

Fujo da culpa,
fujo de um eu,
que já não sei explicar quem é.

Peço a maior explicação,
para o mais crepuscular pormenor,
ou não fosse eu um anjo,
que apenas tem coragem,
de aparecer no crepúsculo,
para não conhecer,
quem o viria a desvendar.

Ac.

Montanha lunar

Conheçemo nos num dia,
em que se fez magia.
No ceio,
de conversas,historias e fantasia,
cresceu uma amizade.

Do longe dos montes,
te vejo saltitar para mim,
com um sorrizo.

Estou com olhar meigo,
pois apenas te quero comigo,
chamas me para eu ir até ti a correr,
vou sem pensar no futuro,
pois amor é jurar o hoje,
sem pensar no amanhã.

Cheguei a ti e sorri,
tu olhas-te-me,
e deixas te escorregar uma lagrima,
o meu mundo rodou,
pois estavas a chorar,
porque nada é iterno,
mas voltas te a sorrir.

Assim ficamos os dois,
na tarde em que o mundo parou,
pelo menos para mim e para ti.

Ac.

De um monte correste,
e o meu mundo invadiste,
uma flexa me espetas te,
e assim me agaras te,
amo-te!
Ao teu lado,
o meu mundo pára,
apenas gira a tua volta.